domingo, 27 de maio de 2007

Cap 7

Hermione acordou lentamente e sentiu algo macio contra seu rosto. Abriu os olhos e percebeu que estava abraçada a Harry. Então os acontecimentos da noite anterior voltaram a sua mente e ela lembrou-se do que ele dissera e uma dorzinha traspassou seu peito. Porém, ele ainda não acordara e ela deixou-se ficar ali, no aconchego de seus braços, sentindo-se tão bem como nunca se sentira antes. O que seria aquela mistura se sentimentos desordenados que a assolava ultimamente? Sentia-se tão confusa, tão perdida!
Harry começou a acordar e ela desvencilhou-se dele rápido
Andou até a entrada da caverna. O dia estava amanhecendo e caia uma chuva torrencial
-esta amanhecendo – falou virando-se para ele
-então é melhor irmos
-mas a chuva...
-nós sobrevivemos a isto. Mas não sobreviveremos se descobrirem que passamos a noite fora do castelo
A menção a regra transgredida foi o suficiente para fazer Hermione esquecer seus sentimentos confusos
-Ai meu deus! Estamos fritos se nos descobrirem?
-Sim, por isto e melhor irmos!
Eles saíram correndo, a chuva os ensopando totalmente. Mas não se importavam, tinham que chegar ao castelo
Porém a sorte não estava com eles neste dia e Hermione arregalou os olhos, estupefata ao ver Filch
-Harry! - ela gritou amedrontada
-droga!
-Ele vai nos ver...
-Vem por aqui! – ele a guiou para um terreno em declive. Na ânsia de fugirem, não perceberam que estavam próximos ao salgueiro lutador e quando deram conta do perigo, era tarde
-Harry! –Hermione gritou ao vê-lo sendo jogado para longe pelo galho gigante
Pegou a varinha, e apontou para o salgueiro, mas não deu tempo de lançar o feitiço, ela também foi jogada longe.
Harry ainda lutava para ficar de pé e ela percebeu tarde demais que cairia em cima dele
Com um baque e um grito, Hermione caiu em cima de Harry, o corpo do garoto amortecendo sua queda, num movimento ágil, ele rolou com ela para longe de mais um galho, e pegou a varinha
-Imobullus!
A árvore finalmente se acalmou. Harry olhou para Hermione
-Você esta bem? – perguntou sem fôlego
Ela apenas meneou a cabeça, também ofegante.
Então subitamente, a situação de como estavam os atingiu. Na ânsia de fugir do salgueiro lutador, ele a tinha imobilizado em baixo dele.
Nenhum dos dois foi capaz de se mexer ou falar. Apenas o som da chuva incessante e de suas respirações quebravam o silencio.
Os óculos de Harry tinham desaparecido no meio da confusão. Hermione reparou em como estava verdes. Não um verde claro e límpido e sim um tom escuro como se antevendo uma tempestade. Ela engoliu em seco, sentindo o coração batendo acelerado, a respiração ofegante, mas não mais de susto e sim de um sentimento mais básico, mais profundo. Os olhos dele pousaram em sua boca e Hermione entreabriu os lábios. Então, lentamente, ele abaixou a cabeça e a beijou. Hermione soltou um gemido quase inaudível e o abraçou pelo pescoço. Não era um beijo como o outro, que começara com um leve roçar de lábios e depois se aprofundará. Este era... totalmente avassalador. A boca de Harry devorava a sua quase com fúria. Não havia nada de delicado naquele beijo, era pura explosão. Hermione sentia-se derreter de encontro a ele. As mãos se embrenharam nos cabelos rebeldes, sentindo o coração bater desesperado contra o peito. Harry a beijava como se nunca mais fosse parar, a chuva molhava seus cabelos, suas roupas, mas nenhum dos dois se importava. Sentiu as mãos dele em sua cintura, se imiscuindo por debaixo da roupa, tocando a pele quente e ela sentiu um calor estranho começando aonde ele tocava e se espalhando por todo o corpo.
-Mas o que e isto? - Eles se separaram e fitaram estarrecidos a figura ameaçadora de Filch através da chuva. Hermione sentiu o coração parar de bater, aterrorizada.
-Vocês estão perdidos mocinhos – ele disse com um sorriso cruel
Harry levantou-se a puxando consigo
-Já para a sala da McGonagall! Com certeza serão expulsos por isto!
Hermione olhou para Harry emudecida de medo
Seguiram o zelador até o castelo no mais absoluto silêncio
O que dera nela para ser tão sem noção?
Como pudera beijar Harry novamente?
E ser pegos em flagrantes pelo Filch?
Como sairiam desta agora?
Eles caminhavam atrás de Filch, a água pingando pelos corredores desertos do castelo, pois ainda era muito cedo para algum aluno estar acordado. O que era uma sorte, pensou Hermione.
Eles adentraram na sala da professora McGonagall, que surgiu minutos depois ainda de roupão roxo
-Espero que tenha um bom motivo para me tirar a esta hora da cama Filch! – ela ralhou com o zelador e então viu os alunos – Harry? Hermione? O que significa isto? Os dois estão ensopados!
-Eles estavam fora cama, encontrei-os na floresta proibida
-O que? Há esta hora?
-Diria que eles passaram a noite inteira lá, diretora
Hermione soltou um soluço desanimado. A diretora olhava de um para outro com os olhos esbugalhados.
Hermione imaginava o que ela faria quando ouvisse o resto do que Filch tinha pra contar
-e eles estavam... - Filch fez uma pausa , como se tivesse buscando palavras – em situação comprometedora, diretora
-O que? O que quer dizer com isto Filch?
-eles estavam... estavam... se beijando – Filch falava com o rosto tão vermelho que teria divertido Hermione em outra ocasião.
McGonagall os encarou como se não acreditasse no que estava ouvido
-Harry? Isto é verdade?
-Sim, professora – Harry respondeu
McGonagall ficou muda por alguns instantes, fitando-os estupefata. Como se a equação "Harry + Hermione" fosse uma coisa totalmente absurda
Hermione queria sumir, queria que o chão se abrisse aos seus pés.
O rosto deveria estar mais vermelho do que o de Filch
Finalmente alguém abriu a boca e quebrou o silêncio
-professora, se a senhora vai expulsa-los... – começou Filch, mas a diretora o cortou
-Você já pode ir, Filch, eu resolvo a partir daqui
Visivelmente contrariado, Filch saiu da sala
E McGonagall os encarou séria
-Agora, qual dos dois vai me explicar o que estava fazendo fora da cama, na floresta proibida, quando sabem que é estritamente proibido sair da escola sem autorização?
-professora, não é nada disso que a senhora esta pensando, o beijo... - Hermione gaguejou tentando se explicar, mas McGonagall a cortou
-Poupe-me de detalhes, senhorita Granger. O que a senhorita faz ou deixa de fazer com Harry Potter é problema seu, estou aqui para mantê-los protegidos e não vou deixar que passem por cima de uma ordem!
-Professora McGonagall – Harry intercedeu firme – ontem à tarde, eu e Hermione ouvimos dois alunos da Sonserina falarem de Malfoy
-Malfoy?
-Sim, um deles culpava o outro por ter feito uma besteira apenas para agradar Malfoy e que teria que consertar, por isto teriam que voltar a floresta proibida.
A professora não mexeu um músculo e Harry continuou
-então, nós... – ele parou. Não podia revelar que Gina e Rony estavam com eles, Já bastava ele e Hermione estarem encrencados. Só esperava que os dois tivessem conseguido voltar a tempo para o castelo. Então se deu conta, contrariado, que era a primeira vez que pensava em Ron ou em Gina, desde que ficara sozinho com Hermione na floresta e sentiu-se subitamente culpado. Sua namorada e seu melhor amigo poderiam estar em perigo e ele nem se preocupara.
-Harry? McGonagall o chamou impaciente – é pra hoje!
-Então, eu e... - ele olhou significativamente para Hermione – eu e Hermione decidimos segui-los.
-E Weasley?
-Ele não foi com a gente - Hermione que se apressou em falar
-Quer que eu acredite de Ronny Weasley não estava com vocês?
-Não, ele não estava – Harry falou firmemente
-Bem, se é mesmo verdade o que o Filch viu, até entendo a ausência do senhor Weasley - McGonagall falou como para si mesma e Hermione ficou mais vermelha ainda.
-Professora, nós tivemos motivos para esta lá! – Harry falou ignorando a observação maliciosa da professora – era justamente em nome desta segurança que tivemos que segui-los. Se Malfoy esta aprontando mais alguma...
-Malfoy não esta aprontando nada, por que Malfoy não esta aqui! Da onde tirou esta idéia estapafúrdia, Harry?
-Mas professora, aqueles dois falaram no nome dele, estavam fazendo alguma coisa muito errada!
-Provavelmente eram mais dois idiotas destes que surgiram ultimamente que simpatizam com Malfoy e querem aparecer! Na certa não era nada demais. Nada que valesse você e a senhorita Granger se arriscarem desta maneira! Não pensaram nas conseqüências?
-Eu pensei em pegar no pulo aquele que acabou com a vida do professor Dumbledore!
As feições de McGonagall se suavizaram.
-Harry, tudo esta sendo feito para pegar Você sabe quem e sua corja
-Mas não parece! Todo dia aparece mais gente desaparecida, mas mortes!
-E você continua com esta mania de burlar as regras para salvar o mundo! Harry tem que parar. Não pode se arriscar mais deste jeito, foi se o tempo do Hogwarts era segura. Agora todo cuidado é pouco. Tenho certeza que Dumbledore não gostaria de ver você ou a senhorita Granger machucados por uma coisa estúpida como esta que aprontaram!
-Não era estúpida. - Harry insistiu
-Professora - Hermione interferiu - nós seremos expulsos?
A diretora olhou de um para outro e respirou fundo
-Não. Desta vez. - Hermione sentiu alivio - mas se forem pegos novamente fazendo algo contra as regras, serei obrigada a tomar medidas drásticas.
-tudo bem professora – Harry falou
-Agora vão se trocar. As aulas começam daqui a pouco. Se correrem ainda da tempo de tomarem café. E estejam aqui sábado à noite. Terão três meses de detenção comigo
Eles saíram em silencio da sala
Hermione caminhou à sua frente, sem ao menos olhar pra ele
-Hermione?- Harry a chamou e ela voltou pra ele, totalmente enfurecida – hei, por que esta cara?
-Por quê? Não acabou de ver o que quase aconteceu? Quase fomos expulsos por sua culpa!
-Minha culpa?
-Sim, sua culpa! Não tinha nada que ter me beijado
-Hei, espera um pouco. Eu não te forcei a nada! – Harry se enfureceu por ela estar jogando a culpa nele
-Eu não pedi para você me beijar!
-Mas também não ouvi você protestar!
Hermione se calou. Realmente. Ela não protestara. Muito pelo contrário. Tinha gostado. E muito.
Ela sentiu afundar em vergonha; tinha mais uma vez perdido a cabeça.
Apenas deu meia volta e seguiu o caminho para a sala comunal. Ele a seguiu, sentindo uma raiva impotente. Por que ela agia assim? Não conseguia entender mais nada
-Hermione, precisamos falar sobre isto – ele insistiu quando entraram na sala silenciosa
- Falar o que?
Harry a encarou atormentado
Realmente. O que tinha para falar. Ele estava errado. Mais errado do que ela. Na verdade não sabia o que tinha dado nele para beijá-la. Apenas seguira um impulso irresistível. Mas sabia que desta vez, isto não poderia ser esquecido
De repente as portas dos dormitórios se abriram e os estudantes começaram a sair alegres de seus dormitórios
-Graças a deus vocês voltaram! – Gina correu e abraçou Harry, dando um sonoro beijo em sua boca
Hermione se afastou sentido-se péssima. Há poucas horas era ela quem o estava beijando. E com que direito? Harry tinha uma namorada. Que por acaso era sua amiga.
O que ela estava fazendo? pensou, confusa.
Então Ronny saiu do dormitório e a viu. Sem Hermione antever o que ele estava fazendo, ele correu para ela e a abraçou
E para total espanto de Hermione, ele a beijou. Hermione ficou sem reação até ele a soltar
-Ronny! – exclamou estupefata
-Eu amo você, Hermione- ele falou e Hermione arregalou os olhos - eu demorei demais para dizer isto, mas eu gosto de você e, por favor, me da uma chance!
Hermione tirou os olhos dele e buscou perante os rostos curiosos dos estudantes que prestava atenção na cena, aquele que era culpado por não sentir o que gostaria se sentir no momento que tinha sonhado tanto através dos anos
Mas ele a encarava com os olhos vazios, com Gina pendurada em seu pescoço, que piscou para Hermione
-Vai Hermione, Aceita! – gritou
Hermione piscou para afugentar as lágrimas.
Desviou o rosto de Harry e encarou Ronny
O que ela podia fazer?
-Sim, Ronny, eu aceito – sussurrou
Ele deu um grito de felicidade a abraçou.
A sala se encheu de vivas e assovios, entremeados com expressões de "atém que enfim"
Hermione sorriu sem graça
Por que não conseguia se sentir feliz?
Não era isto que tinha almejado? Namorar Ronny?
Não era por isto que tinha se metido na enrascada de beijar Harry?
Tinha que botar a cabeça no lugar. Voltar a ser Hermione racional de sempre.
Deixar os sentimentos confusos para trás.
-Eu nem acredito! – Gina tinha finalmente largado Harry e corria em sua direção dando um soco no ombro do irmão – fala sério, hein, Ronny! Achei que este dia nunca chegaria! – ela abraçou Hermione efusivamente – agora somos cunhadas, não o máximo?
-Sim, é – Hermione falou tentando aplicar um tom mais feliz a voz. Mas em ousava olhar par Harry, que estava ao lado de Gina, estranhamente quieto
-Não vai falar nada, Harry? – Gina puxou o namorado – aposto que você também não via a hora destes dois se acertarem!
Os olhos dele encontraram com os dela.
E a mensagem que ela via nele é "é isto mesmo que você quer"?
Hermione forçou-se a sorriu, agora com mais entusiasmo e beijou Ron no rosto
-é mesmo, Harry, não vai nos dar os parabéns?- perguntou
-claro que vou!- ele sorriu e apertou a mão de Ron e aproximou-se para beijar seu rosto. Hermione fechou os olhos sentindo o toque quente de seus lábios em sua pele. Era a última vez pensou. A última vez que sentia os lábios dele sobre ela. E isto causou uma dor incômoda em seu ser. Mas ela afastou o pensamento sombrio para o fundo da mente
-Bem, agora acho melhor eu ir tomar banho e me trocar para a aula, não quero me atrasar para a aula de poções! Ela falou como a velha Hermione e se afastou
-mas vocês têm que contar o que aconteceu!- Ronny falou
-a gente fala durante o café –Harry respondeu – eu também tenho que tirar estas roupas molhadas
Eles se afastaram cada um em direção a seus respectivos dormitórios.
Hermione o viu desaparecer detrás da porta e pensou que tinha sido melhor assim. Agora uma nova etapa da sua vida se delineava a sua frente.
Estava namorando Ron. E Harry continuava a ser seu melhor amigo
Era tão simples. Então por que ela sentia que algo estava tremendamente errado.

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